Plantando o bem -Comunidade Terapêutica colhe e doa os alimentos que os acolhidos produzem na Horta
Há 7 anos, produção da Horta da Comunidade faz parte do processo de ressocialização dos acolhidos.
A Comunidade Terapêutica Redentorista, uma das maiores obras do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, atende dependentes químicos e de álcool. Para ajudá-los no caminho cristão, a Comunidade utiliza o processo terapêutico mediando trabalho, disciplina e oração. A produção da Horta da Comunidade, desenvolvida pelos acolhidos, ensina não apenas o valor do trabalho, como também o poder da partilha, pois todo o excedente de alimentos é doado para quem precisa.
Há 7 anos a AFIM, Associação Redentorista Filhos de Maria, desenvolve as ações sociais ligadas ao Santuário, como a Comunidade.
Inaugurada em 01 de abril de 2013, a Comunidade Terapêutica atende cerca de 20 famílias por meio dos acolhidos, que passam pela recuperação em um período de nove a 12 meses. Os serviços oferecidos contam com uma estrutura bem equipada, com alojamento, refeições, práticas laborais, acompanhamento médico, psicológico e terapias alternativas.
“O trabalho é parte integrante do processo terapêutico em qualquer comunidade terapêutica”, afirma o coordenador terapêutico da Comunidade, André Rachid. Como parte desse processo, a produção da Horta existe há 7 anos.
Todos os acolhidos participam ativamente de todas as atividades, aprendendo princípios como trabalho em equipe, responsabilidade, compromisso e cuidado pela vida. “Isso desenvolve um sentimento de valoração, de pertencimento e empoderamento do trabalho”, explica o coordenador André.
Para a ressocialização do indivíduo, os trabalhos da Comunidade Terapêutica são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades, e por isso, além da produção da Horta, existem as produções da panificadora, da cozinha, da faxina e dos animais.
De acordo com a assistente social da AFIM, Jackelyne Sanches, após três meses de tratamento, os acolhidos produzem pães e também vendem no Santuário. “Essa fase da ressocialização é muito importante. Muitos não tinham uma qualificação profissional e aprendem vários cursos profissionalizantes dentro da Comunidade”, afirma a assistente social.
De semente para alimento
A produção da Horta é desenvolvida por todos os acolhidos, somando um trabalho de cerca de 20 pessoas, direta e indiretamente. Com a produção excedente há três anos, a Chácara não comercializa os produtos, mas doa para várias instituições sociais, como Filhos da Misericórdia, Casa de Apoio São Francisco e Cedami (Centro de Apoio ao Migrante).
Quiabo, feijão, mandioca, tomate, abóbora, pimenta, jiló, berinjela, rúcula, alface… São vários os alimentos produzidos diretamente da terra, em um trabalho cuidadoso pelo qual os acolhidos aprendem o sentimento de pertencimento ao espaço e a importância do alimento a ser consumido.
“O maior valor agregado a esse produto é o valor terapêutico desenvolvido através do trabalho dos acolhidos”, destaca o coordenador André Rachid.
Com parcerias do Senar (Serviço de Aprendizagem Rural) e Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário), a Horta recebe doações de mudas e insumos, assim como a assessoria técnica de um engenheiro agrônomo.
Ao trabalhar na Horta e na produção de alimentos, os acolhidos recebem cursos profissionalizantes e conseguem mais condições de serem reinseridos no mercado de trabalho. “O dependente químico ou de álcool encontra muitas dificuldades no mercado de trabalho mesmo após o tratamento, por sofrer até mesmo preconceito. O aprendizado do Comunidade permite que essas pessoas possam voltar ao convívio social para ter uma vida digna, e com maiores oportunidades futuras de emprego”, finaliza a assistente social Jackelyne Sanches.