Vocação religiosa a serviço da Educação
O Missionário Redentorista, Pe. Rodrigo Augusto, chegou em Campo Grande (MS) em 2017 para fazer parte da comunidade religiosa do Santuário Estadual Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e para assumir o cargo de professor de filosofia da Educação nos cursos de pedagogia e licenciatura da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), após aprovação no concurso público.
Mas para contar essa relação das vocações religiosas e acadêmica exercidas pelo Missionário Redentorista é preciso voltar alguns anos no tempo: para 1995. Nesse ano, o jovem de apenas 17 anos, que ainda cursava o ensino médio, conheceu a Congregação Redentorista, por meio das missões realizadas em Cascavel (PR).
Após quatro anos, em 1999, ingressou na Congregação e se mudou para Curitiba (PR) para cursar filosofia na PUC Paraná, a primeira etapa formativa do missionário redentorista.
Aluno destacado nos estudos, na graduação não foi diferente. Rodrigo Augusto recebeu a láurea acadêmica Marcelino Champagnat, por ser o melhor aluno do curso. O reconhecimento lhe garantiu bolsa de estudos para fazer mestrado na PUC.
Foi nesse momento a primeira difícil escolha para conciliar as duas vocações. Seguir a vida religiosa ou a acadêmica?
Rodrigo Augusto então buscou conselhos de um professor muito cristão que recomendou: “A Igreja precisa de pessoas inteligentes”. Seguindo essa orientação, O jovem continuou a etapa formativa da vida religiosa.
Mas não deixou de lado a carreira acadêmica. Após o concluir o noviciado, Rodrigo Augusto, cursou Mestrado em Educação com a bolsa que ganhou. Se mudou para São Paulo para fazer Teologia, curso que terminou em 2007 e foi ordenado sacerdote em 2008.
Em 2010 iniciou doutorado pela Universidade Federal do Paraná. Sempre conciliando a vida religiosa e os estudos, defendeu a tese em 2015. Nesse tempo atuou como professor substituo na UFPR. Em seguida fez um ano de estágio de pós-doutorado em Ponta Grossa (PR).
Após concluir os estudos, se mudou para Roma (Itália), onde colaborou por um ano na Academia Afonsiana, uma instituição pontifícia de ensino superior na Itália.
Sabendo do desejo de lecionar do Pe. Rodrigo Augusto, uma amiga mandou edital do concurso público da UFMS, em 2017. Ele conta que foi como “uma luva para as suas mãos”, pois o referencial teórico era muito parecido com a tese que havia defendido.
Com 36 candidatos concorrentes, das maiores universidades do Brasil, Pe. Rodrigo Augusto ficou em primeiro lugar com a maior nota na prova, garantindo a única vaga prevista.
Foi então que surgiu a segunda difícil escolha entre a vocação religiosa e acadêmica. Assumir ou não o cargo de professor?
Rodrigo Augusto procurou o superior Provincial, Pe. Edilei Silva que autorizou que o sacerdote assumisse o concurso.
Desde então, Pe. Rodrigo concilia as vocações religiosas e acadêmica. O sacerdote celebra missas e novenas no Santuário Estadual e na Comunidade Santo Agostinho e leciona na UFMS, a principal do Estado.
Como professor conheceu as virtudes e defeitos da Universidade e se apegou às qualidades para caminhar na vida acadêmica. Como religioso, usa da sua espiritualidade e sabedoria para motivar alunos, muitas vezes cansados já que a maioria também precisa conciliar jornada de trabalho e estudo, e procura mostrar a importância da educação.
Pe. Rodrigo também exerce a vocação religiosa com os professores, colegas de trabalho, que muitas vezes se sentem desvalorizados e sob stress da vida acadêmica. “A Universidade, a escola, são ambientes que adoecem professores e alunos, pois é uma pressão que acaba gerando desgaste mental e físico. Tento me poupar e preservar a saúde dessas pessoas”, conta o missionário redentorista.
O sacerdote ainda conta, que tanto professores quanto alunos, quando sabem que ele é padre, procurara-o para desabafar, para pedir orientação e conversar.
Educação e religiosidade devem caminhar juntas . A afirmação está amparada na Carta Encíclica “FIDES ET RATIO” (Fé e Razão), do Sumo Pontífice, o Papa João Paulo II:
“A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.
A carta ainda completa: “Não há motivo para existir concorrência entre a razão e a fé: uma implica a outra, e cada qual tem o seu espaço próprio de realização”.
“Fico feliz de alguma forma dar continuidade ao trabalho do nosso fundador, Santo Afonso, (fundador da Congregação Redentorista). Ele foi um doutor da Igreja preocupado com a formação do clero e do povo de Deus e dedicou a vida à formação. Sinto que é uma missão poder levar o nome da Congregação e do nome da igreja”, conclui Pe. Rodrigo Augusto.